sábado, 27 de abril de 2013

Quilombolas: Incra/RN desapropria terras da comunidade Acauã

A superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no RN recebeu ontem (23) em solenidade, a posse dos imóveis que compõem o território quilombola de Acauã, em Poço Branco, na região do Território da Cidadania do Mato Grande. Este é o último passo para a entrega do título de reconhecimento de domínio coletivo da terra às 57 famílias moradoras desta comunidade, dentro do processo de regularização fundiária.

O ato de imissão de posse de Acauã o torna oficialmente como propriedade da União (e, consequentemente, do Incra). A comunidade de Acauã, que tem cerca de 540 hectares, se definiu como comunidade remanescente de quilombo em 2004.

De acordo com Ludjanio Rogério Silva, secretário estadual de Combate ao Racismo PT/RN, “Esta conquista reafirma a nova concepção de políticas públicas  do Governo Federal e das Instituições Incra, Seppir, Fundação Palmares, entre outras que não poupam esforços para que as Políticas da Promoção da Igualdade Racial possam de fato chegar aos negros, bem como, a sociedade em geral”.
Mineiro é autor da Lei das Terras Quilombolas
O deputado estadual Fernando Mineiro (PT) é autor da Lei Nº 9.104, de 09 de junho de 2008, que reconhece a propriedade definitiva das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos Quilombos, em atendimento ao artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal.

História
A maior parte das famílias que vivem na comunidade de Acauã foi atingida pela construção da barragem de Poço Branco, iniciada no fim da década de 1950 e completada em 1969. A antiga cidade de Poço Branco foi inundada bem como povoados e comunidades rurais situadas à beira do rio, tal como a antiga Acauã. Suas famílias foram removidas e criaram novos lugares, dentre eles, a atual sede municipal e a atual Acauã. Segundo a história oral, aquela área teria sido descoberta no passado por José Acauã, um escravo fugido de outras terras. As versões deste momento originário envolvem a chegada dos antepassados das atuais famílias de Acauã.

A memória genealógica reporta-se às três irmãs da família Santana, sendo que duas casaram com José Gomes e Sebastião Rodrigues, iniciando, assim, uma rede de relações de parentesco e de aliança. Uma das três irmãs, Catarina Santana, teria praticamente nomeado a família que se segue e se ramifica densamente até hoje: a família Catarino. Todas estas famílias descendentes de ex-escravos viviam como agricultores. Grande parte dos seus descendentes ainda continua como trabalhadores rurais.

Quilombola
Acauã é a segunda comunidade quilombola que o Incra recebe a posse para regularização coletiva das terras em nome dos moradores. A primeira foi Jatubá, em Patu, no final do ano passado. No Rio Grande do Norte existem cerca de 60 comunidades remanescentes de quilombos, de acordo com estudo da Fundação Palmares. Destas, 20 se reconheceram como tal. Atualmete 17 comunidades encontram-se com ação em tramitação no Incra/RN com processo de reconhecimento, demarcação e regularização de áreas quilombolas.

Além das duas já citadas, outra três áreas encontram-se com o processo mais avançado. São elas as comunidades de Boa Vista dos Negros (Parelhas), Capoeiras (Macaíba) e Aroeiras (Pedro Avelino). As comunidades de Nova Descoberta (Ielmo Marinho), Pavilhão  e Sítio Grossos (Bom Jesus) receberam a equipe de antropólogos e tiveram seus relatórios finalizados. Em Macabira (Lagoa Nova), o processo também está avançado. No entanto, naquela área existem pendências judiciais. Nos próximos dias, o Incra deverá recorrer à justiça federal para dar continuidade ao processo em Macambira.

Fonte: Assessoria do Mandato e Incra/RN 

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